
A praça em frente à igreja consagrada a São Benedito, em Cururupu, foi palco, durante três dias (21, 22 e 23 de novembro), do 16° Encontro de Bois, promoção da Associação Quilombola de Rio de Pedra. Considerado a “Capital Maranhense dos Carros de Bois”, o município recebeu personalidades e reuniu multidão para acompanhar os eventos, enriquecidos pela participação de grupos de tambor de crioula, que deram realce à promoção.
“Nos reunimos para celebrar a fé, a cultura e a força das raízes dos quilombolas”, destacou a diretora de Cultura, Produções e Eventos da Associação, Nazaré “Cotê” Marques. Ela acrescentou que o encontro promove a confraternização dos envolvidos com a atividade: os construtores do rústico veículo e seus condutores. Afirma ser uma oportunidade para preservar a manifestação e manter viva, entre as gerações que se sucedem, a tradição.
História – Existente desde 2009, quando era prefeito José Francisco Pestana, esta união público-privado cresceu até a atualidade, atraindo o interesse da comunidade local e da vizinhança. A cada ano, reconhecem o prefeito Aldo Lopes e o vice Gustavo Pestana, é cada vez maior o público que prestigia a promoção. Ela justifica o caráter afro da promoção pela comunidade preta envolvida tanto na construção dos carros quanto na condução e no uso do transporte.
Trazido pela iniciativa portuguesa quando da colonização, por séculos, o carro de boi serviu aos engenhos na condução da cana-de-açúcar e da mandioca; e, também, de meio de transporte na zona rural por várias gerações. E ainda assim é. Os carros são obra dos carpinteiros e aos carreiros cabe a condução dos animais em parelha, num desfile que reúne as famílias do interior. Os animais são tratados com carinho e batizados com nomes, refletindo a forte ligação entre condutor e animal.
Programação – Cotê Marques informou que o encontro é Patrimônio Imaterial Cultural de Cururupu e, como tal, merecedor de solene e expressiva programação. O caráter religioso traz a participação da igreja católica, por intermédio de um “ministro da palavra”, substituto do pároco, em desobriga fora da paróquia. A evolução da agenda ao ar livre proporciona maior envolvimento da comunidade, permitindo aos fiéis compartilharem das atividades.
Na edição 2025 destacaram-se os grupos de tambor de crioula: “Renovação de São Benedito”, “Sonho de Menina”, “Unidos de Fátima”, “Capim Doce”, “Resgate de Maceió”, “Resgate Cultural” e “São Benedito de Frechal”. Concurso reverenciou a beleza negra, outras manifestações afro foram apresentadas e houve a Dança dos Orixás. Entre as atrações figuraram Muleke 10, Benê Marcos, Léo Soares, Valdimar Belém e Bizu Marques, com sonorização de Mega Vibe e Estrela Music. Tivemos mais desfile dos carros de boi e a Feirinha da Agricultura Familiar e Artesanato.
Reflexo – Segundo os gestores municipais a festa reflete na economia e fortalece o potencial turístico da cidade. Prefeito e vice consideram a reunião um grande festival, que oportuniza a confraternização e preserva a tradição. Daí a atenção e o patrocínio que o evento merece, refletidos na economia. Pestana recorda que o encontro nasceu quando seu pai José Francisco Pestana era prefeito e nunca sofreu interrupção. Os dois agradeceram a contribuição da imprensa na divulgação do encontro.
O “amigo de todas as horas de Cururupu”, Miltinho Aragão, prefeito de São Mateus, prestigiou a presente edição. Com ele estava uma delegação de vereadores, liderada pelo presidente da Câmara, Gilvan Moreno. Todos destacaram a importância do evento para o calendário cultural cururupuense, para as tradições locais e regionais e para a preservação da história municipal. O prefeito reafirmou seu carinho aos cururupuenses e sua parceria à gestão Lopes – Pestana.
Feirinha – A presente edição do Encontro de Bois de Cururupu tem a participação material das Secretarias Municipais de Cultura, Agricultura, Obras e Saúde. O secretário municipal Ivanilson Reis (Agricultura) justificou a presença da feirinha, “até por tratar-se de um evento de agricultores familiares, podendo unir o útil (divulgar a produção) ao agradável (faturar com sua comercialização)”. Os produtores consideraram favoráveis os resultados obtidos com a mostra.









