Cururupu – Terminou, nessa Quarta-feira de Cinzas, a temporada carnavalesca neste município. Alegria e tristeza se confundiram entre a sensação do dever cumprido e o fim da folia. Nas praças, corredor(es) da folia, foi possível ouvir ainda sons distantes de bandas e blocos tradicionais varando a madrugada.
Cansado e moído, houve quem se recolhesse antes da meia-noite, mas sem conseguir dormir, incomodado pelo barulho que ainda vinha da avenida.
Da janela do quarto acompanhou os últimos suspiros da festa tradicional, impressionado com o orgulho que filhos e amigos de Cururupu sentem pela festa e pelo que ela representa para a cidade. Mesmo com o triplo de pessoas momentaneamente no município, difícil ouvir lamento ou reclamos; há sons de alegria nas escolas de samba e nos blocos tradicionais.
Cenário – Nesta manhã a cidade voltava ao normal, com o vai-e-vem das carroças descendo e subindo as ruas. Mas ainda havia foliões trôpegos, como numa procissão, indo silenciosamente para casa, em carros de boi, montados em burros, de carona em motos e bicicletas. Todos exaustos, depois de quatro dias de folia.
Em casa, aos 86 anos, causava inveja o “irmão Artur”: bebeu o dia inteiro, brincou, dançou até à meia-noite, não se lembrava do que viu, mas não amanheceu de ressaca.
Padroeiro – Constatou-se certa religiosidade no ambiente, considerando a consagração do município e de sua igreja a São Benedito. Muitos pedindo sua intercessão para proteção de si e seus instrumentos.
No altar da comunhão juntaram-se carroceiro, político, empresário, servidor público, numa harmonia e convivência pacífica.
Mais atentos, os líderes das comunidades aperfeiçoavam gêneros e treinavam a ascendência afro do tambor de crioula, a batida de mina, o molejo do samba de roda, o reggae jamaicano e o brega paraense.
Finalmente homenageavam os ancestrais mestres carnavalescos: os “raízes” Mestre Mandioca, Burrica, Lulu, Cabedá, Pilherga, Dorinha, Osvaldino, Mael, Manezinho, entre tantos outros.
Cláudio Coutinho (Baiaco)